E SE FOSSE VERDADE

Adaptada do livro de: Marc Levy

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Capitulo 4.- Coma profundo

Dr. Fernstein fechou a porta de seu consultório, tirou o telefone do gancho e o recolocou novamente. Deu uns passos em direção à janela e tornou a tirar o fone do gancho. Pediu para falar com a cirurgia. Em seguida ouviu-se uma voz do outro lado. —Sou Fernstein. Preparem-se. Vamos operar em dez minutos. Em seguida, enviou o informe. Desligou com cuidado e balançou a cabeça. Ao sair do escritório, deu de cara com o professor Williams. —Vamos tomar um café? Perguntou Williams. —Não. Não posso. —O que você vai fazer. —Uma estupidez, me disponho a fazer uma coisa estúpida. Logo o chamarei. Fernstein entrou na cirurgia com um uniforme verde amarrado na cintura. Um enfermeiro o esterilizou. A sala era enorme; uma equipe completa rodeava o corpo de Vanessa. Atrás de sua cabeça havia um monitor em cujo visor apareciam os sinais que mostravam o ritmo de sua respiração e seus batimentos cardíacos. —Como estão as funções vitais? Fernstein perguntou ao anestesista —Estáveis, 65 e 12/8. Está anestesiada. O sangue está normal. Pode começar. —Sim, ela está anestesiada, como você falou. O bisturi penetrou o músculo, cortando toda a região que ocupava a fratura. Enquanto começava a separar os músculos, Fernstein se dirigiu à equipe, chamando-a de “queridos colegas” e lhes explicou que iriam ver um professor de cirurgia, com vinte anos de carreira, realizar uma intervenção apropriada a um estudante do quinto ano: redução de fêmur. —E sabem por que a faço eu? Porque nenhum estudante do quinto ano aceitaria reduzir uma fratura no corpo de uma pessoa com morte cerebral havia mais de duas horas. De modo que pedia a todos que não fizessem perguntas e agradecia seu comparecimento.
Demorariam no máximo quinze minutos. Mas Vanessa era uma de suas alunas e todos os médicos presentes compreendiam o cirurgião e o aprovavam. Entrou um radiologista e pediu que lhe passassem chapas de escaner. Os negativos mostravam um hematoma na altura do lóbulo occipital. Decidiu-se a efetuar uma pulsão para liberar a compressão. Fez um orifício na parte posterior da cabeça; controlando a trajetória através de uma tela, o médico atravessou as meninges com uma agulha fina e a dirigiu até o lugar onde se encontrava o hematoma. O cérebro não parecia afetado. O fluxo sanguíneo correu pela sonda. A pressão intracraniana desceu quase no mesmo instante. O anestesista aumentou a quantidade de oxigênio enviado ao cérebro,
imediatamente, mediante a entubação das vias respiratórias. As células, libertas da pressão, recuperaram o metabolismo normal, eliminando, pouco a pouco, as toxinas acumuladas. A perspectiva da cirurgia, mudava a cada instante. Toda a equipe não parecia lembrar-se de que estavam operando um ser humano clinicamente morto. Cada um cumpria seu papel, e os movimentos foram se encadeando. Fizeram radiografias da parede posterior, consertaram as fraturas das costelas fizeram uma punção na pleura. A cirurgia foi precisa. Cinco horas mais tarde, o prof. Fernstein retirava as luvas. Pediu que fechassem os ferimentos e que depois transferissem a paciente para a sala de reanimação. Em seguida, ordenou, que após passado o efeito da anestesia, desconectassem todos os tubos de auxílio respiratório. Agradeceu novamente a sua equipe pela presença e pediu descrição. Antes de sair, pediu a Betty, uma das enfermeiras, que o avisassem quando retirassem o respirador de Vanessa. Saiu da sala de cirurgia em passos rápidos em direção aos elevadores. Passando pelo balcão, perguntou à recepcionista se o dr. Stern se encontrava dentro do hospital. A jovem disse que não e o médico afastou-se abatido, não sem antes agradecer e dizer-lhe que estaria em seu consultório caso alguém perguntas por ele. Depois da cirurgiaVanessa foi conduzida à sala de recuperação. Betty conectou o monitor cardíaco, o eletroencéfalo e o cano de entubação ao respirador artificial. Com tudo aquilo, a jovem parecia um cosmonauta. A enfermeira pegou uma amostra de sangue e saiu do aposento. A paciente dormia, serenamente, suas pálpebras pareciam mergulhadas nos contornos do universo de um sono sereno e profundo. Meia hora mais tarde, Betty telefonou para o prof. Fernstein e lhe comunicou que Vanessa encontrava-se sob os efeitos da anestesia. Ele perguntou como estavam seus sinais vitais. A enfermeira confirmou o que se esperava, que permaneciam estáveis, e, insistiu para que ele repetisse o que deveria fazer.—Desligue o respirador —disse o médico —Eu irei em seguida —acrescentou, antes de desligar. Betty entrou na sala e separou a sonda do tubo, deixando que a paciente tentasse respirar por si mesma. Instantes depois, retirou o tubo, liberando a traquéia. Tirou uma mecha de cabelo do rosto de Vanessa, olhou-a com ternura, e, saiu, apagando a luz. O aposento ficou banhado pela luz verde do aparelho de encefalografia, cujo traçado seguia como plano. Eram quase nove e meia da noite e tudo estava quieto. Ao cabo de uma hora, o sinal do osciloscópio começou a tremular, a princípio, muito levemente. Depois, o ponto que marcava o extremo da linha, elevou-se consideravelmente, para descer de forma vertiginosa e voltar à posição horizontal
Ninguém testemunho tal anomalia. O azar é assim. Betty entrou novamente no aposento uma hora mais tarde. Tomou a temperatura, pressão de Vanessa, desenrolou alguns cm da tira de papel que saía da máquina, viu a ponta
anormal, franziu o cenho revisando mais alguns centímetros. Ao constatar que permanecia fazendo uma linha reta, retirou o papel, sem dar-lhe maior atenção. Pegou o telefone do corredor e chamou Franstein. —Sou eu. Temos um coma profundo com constantes estáveis. O que faço? —Procure um leito no quinto andar. Grato, Betty. Fernstein desligou.








Espero que gostem...isso se tiver alguem lendo neh?!...:/
comentem please....ateh mas...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Capitulo 3

Vanessa está inerte. Descansa placidamente. Seu semblante está sereno, sua respiração é lenta e regular. Na boca, ligeiramente aberta, poderia descobrir-se um leve sorriso. Tem os olhos fechados, como se estivesse dormindo.Os cabelos longos emolduram o rosto. A mão direita, apoiada no ventre. Na guarita, o guarda do estacionamento pestaneja. Viu tudo, como num filme, mas ali, era real, dirá. Levanta-se, sai correndo, troca de opinião e retorna. Disca febrilmente o telefone para 911. Pede ajuda, e a ajuda se põe em marcha. O restaurante do Hospital San Francisco é grande com piso branco e paredes pintadas de amarelo. Uma grande quantidade de mesas retangulares de fórmica acham-se dispostas ao longo de um corredor central que conduz às máquinas de bebida e comida embalada a vácuo. O doutor Philip Stern cochilava, sobre uma das mesas, com uma xícara de café frio na mão. Um pouco mais adiante, seu companheiro se balançava numa cadeira, com o olhar perdido no vácuo. No fundo de um de seus bolsos sonhava a busca. Abriu um olho e fitou o relógio... faltava apenas um quarto de hora para terminar o plantão. —Estou com azar, Frank, veja o que está acontecendo. Frank pegou o telefone mural que tinha sobre sua cabeça, escutou a mensagem que uma voz transmitiu, e virou-se para Stern —Vamos, amigos, é para nós!!. Union Square, um código 3, parece que é grave... Os dois internos designados para o serviço de plantão se levantaram e dirigiram-se para o lugar onde os esperava a ambulância, com o motor ligado, ao pé da rampa luminosa intermitente. Dois toques breves de sirena marcaram a saída da unidade dois. Eram sete menos um quarto da manhã. Market Street estava totalmente deserta e o veículo circulava com muita velocidade. —Merda! E pensar que hoje vai fazer um bom dia.. —Por que se queixa? —Porque estou arrebentado. Vou passar o dia dormindo, sem poder aproveitá-lo. —Vira à esquerda. Seguiremos pela contramão. A ambulância seguiu por Polk Street até Union Square. —Ali está. Ao chegar à grande praça, o que primeiro viram os dois internos foi o velho Triumph chamuscado. Frank parou a sirena. —Pois sim, foi em cheio —constatou Stern, descendo do veículo. . Dois policiais já estavam ali, e um deles conduziu Philip até a vitrina quebrada. —Onde está? — perguntou o interno ao policial. —Ali. É uma mulher e é médica,parece-me que de emergências. Talvez a conheçam..
Stern, ajoelhado junto ao corpo de Vanessa, pediu aos gritos ao seu companheiro que se apressasse. Já havia cortado com tesouras, os jeans e o
jersey, deixando a pele respirar. Na perna esquerda, uma grande deformação, com um grande hematoma, indicava uma fratura. O resto do corpo, aparentemente, estava sem contusões. —Prepara-me as chapas e a perfusão. O pulso escapa e não há tensão, respiração a 48, ferida na cabeça, fratura no fêmur direito, com hemorragia interna. A Conhecemos? É do hospital? —Sim, eu já a vi. É interna em plantões, trabalha com Fernstein. É a única que tolera ele. Philip não teve reação diante desta última observação. Frank colocou as sete placas (radiografias) sobre o peito da jovem, uniu cada uma delas com l fio elétrico de cor diferente do eletro portátil e o conectou. A tela se iluminou. —O que se vê? — perguntou seu companheiro.. —Nada bom. Tensão a 8/6, pulso a 140, lábios cianóticos. Prepare uma sonda endotraqueal de 7, vamos intubar. O dr. Stern acabava de colocar o catéter e estendeu o frasco de soro a um policial. Segure bem! Necessito suas duas mãos. Continuando, pediu a seu companheiro que injetasse 5 mgs de adrenalina no tubo e 125 mgs de Solumedrol, e que preparasse imediatamente o desfibrilador. No mesmo momento, a temperatura de Vanessa começou a baixar rapidamente, enquanto o eletrocardiograma mostrava-se irregular. Na parte inferior da chapa verde, começou a bater um pequeno coração, acompanhado por um sinal curto e repetitivo, sinal de aviso da iminência de uma fibrilação cardíaca. —Vamos,querida, fique conosco!! Deve estar inundada de sangue por dentro. Como está seu ventre?! —Brando. Provavelmente sangra na perna. Você está preparado para a intubação? Em menos de um minuto, Vanessa estava entubada. Stern perguntou pelas constantes; Frank disse que ela respiração estava estável e que a tensão tinha baixado a 5. Não teve tempo de terminar a frase. O sibilar curto foi substituído por um som estridente que saiu do aparelho. —Já começamos..., está fibrilando. Manda-me trezentos... O corpo arqueou-se brutalmente pelo efeito da descarga, com o ventre apontando até o céu, antes de cair de novo. —Não, não foi bem. . —Coloque a 360. tentaremos novamente —Já está. 360. —Segure-os! O corpo se ergueu e de novo caiu inerte. —Passa-me mais 5mgs de adrenalina e torna a carregar 360. Vamos!! Outra descarga, outro sobressalto. Outra descarga, outro sobresalto. —Siga, fribilando. Perdêmos-na. Injeta uma unidade de Lidocaína na perfusão e volta a carregar Já!!!! O corpo elevou-se.
—Injetemos 500mgs de Berilium e carga a 380, imediatamente. Vanessa sofreu nova sacudida. Seu coração parece ter respondido bem às drogas que foram injetadas e recobrou um ritmo estável, mas só por alguns instantes. O barulho do sibilo retornou. —Parada cardíaca! —disse Frank. Philip começou imediatamente uma massagem cardíaca com uma obsessão pouco habitual. —Não se faça de boba, suplicou enquanto tentava devolver-lhe a vida – hoje faz um lindo dia. Não nos faça isso. Depois, ordenou a seu companheiro que carregasse novamente a máquina. —Deixa, Philip — disse Frank, tratando de acalmá-lo —, é inútil. Mas Stern se negava a abandonar; repetiu a seu companheiro que carregasse o desfibrilador e este obedeceu. Uma vez mais descarregaram. O corpo tornou a voltar, mas o eletro seguia. Philipe reiniciou a massagem com a fronte banhada em suor. O cansaço acentuava o desespero do jovem médico ante sua impotência. Seu companheiro tomou consciência de que sua atitude não tinha lógica. Deveria ter parado vários minutos antes e ter certificado a hora do falecimento, mas não o fazia, continuava massageando o coração. —Coloque mais meio mg de adrenalina e sobre a 400. —Philip, pare já. Não tem sentido. Está morta. Você não sabe o que faz... O policial olhou o interno ajoelhado junto a Vanessa inquisitivamente, mas este não lhe prestou qualquer atenção. Frank deu de ombros e voltou a carregar o desfibrilador e anunciou o umbral de 400 mgs. Stern enviou a descarga, sem sequer pedir que segurassem. Sacudido pela intensidade da corrente, o tórax se ergueu bruscamente. A linha permaneceu plana. O interno não a olhou, sabia, antes de aplicar esta última descarga. Golpeou com o punho o peito de Vanessa. —Merda! Merda! Frank o agarrou pelos ombros com força... —Pare, Philip, você está perdendo as chapas, acalme-se!! Ateste o falecimento e vamos embora. Você já não pode mais. Tem que ir descansar. Philip estava suando e tinha o olhar perdido... Frank levantou a voz e segurou a cabeça do amigo entre as mãos, obrigando-o a olhá-lo nos olhos. Ordenou-lhe que se acalmasse, e, em vista de que parecesse não raciocinar, esbofetou-o. O jovem médico reagiu. —Vamos, amigo, fique tranqüilo —insistiu seu companheiro, num tom de voz deliberadamente apaziguador. Logo, fatigado, soltou-o Os policiais contemplavam os dois médicos estupefatos. Franka caminhava dando voltas sobre si mesmo, totalmente desconcertado, a julgar pelas aparências. Philip, ajoelhado, levantou lentamente a cabeça, e disse em voz baixa:
—Hora da morte, sete e dez. Levem-na! — dirigindo-se ao policial que segurava o frasco – acabou-se. Não podemos fazer mais nada por ela. –
Levantou-se, passou um braço pelos ombros do companheiro e o conduziu até a ambulância. – Vem, vamos! Os dois agentes os seguiram. —Não me pareceu que já tivessem tido outros casos assim! Comentou um deles. O outro policial olhou para seu colega. —Você já viu algum caso em que se tenha encarregado um de nós? —Não. —Pois então você não pode compreender o que acabam de viver. Vem, ajuda-me. Vamos colocá-la com cuidado sobre a maca e no furgão. A ambulância já havia dobrado a esquina. Os dois agentes levaram o corpo inerte de Vanessa, depositaram-no sobre a maca e o cobriram com uma manta. Com o fim do espetáculo, os curiosos que tinham ali permanecido, se foram. No interior da ambulância, os dois médicos permaneciam calados, até que Frank perguntou: —O que aconteceu com você, Philip?? — Não tem sequer trinta anos, é médica, é bela... —Sim, mas não se trata disso!! Muda as coisas o fato de que seja bela e médica? Poderia ter sido feia e trabalhar em um supermercado. É o destino. Você nada pode fazer para evitá-lo, havia chegado a hora dela. Agora, voltaremos, você irá descansar e tentar esquecer o ocorrido. Dois quarteirões atrás deles, o carro de polícia se dispunha a passar por um cruzamento, quando um taxi ultrapassou o sinal. O policial, furioso, freou bruscamente e ligou a sirena por instantes; o motorista de Limo Service parou e pediu desculpas. O corpo de Vanessa havia caído da maca. Os dois homens passaram para a parte posterior. O mais jovem segurou Vanessa pelos pés e o maior pelos braços. O último parou, petrificado, ao reparar no peito da jovem. —Respira! —Como??!!!!? —Respira!!! Pegue o volante agora mesmo e vamos ao hospital. —Você se dá conta??? Já dizia eu que aqueles médicos não estavam bem. Que confusos!! —Cale-se e apresse-se. Nada entendo, mas eles dois vão ouvir falar de mim... O furgão da polícia adiantou-se com uma chamada à ambulância, face ao olhar atônito dos dois internos. Eram “seus policiais”. Philip queria que seu companheiro que também conectara a sirena os seguisse, mas este se opôs. Estava esgotado. —Por que iam tão depressa?? —Não tenho idéia – respondeu Frank -. Além do que, pode ser que não fossem eles. Todos se parecem. Dez minutos mais tarde estacionavam ao lado do furgão policial, cujas portas haviam sido deixado abertas. Philip saiu da ambulância e entrou na emergência. Encaminhou-se com passos cada vez maiores à recepção. —Em que sala está? —perguntou recepcionista sem cumprimentá-la.
—Quem, dr. Stern? — indagou a enfermeira. —A moça que acabam de trazer... —Na sala cirúrgica 3. Está sendo atendida por Fernstein. Parece que é de sua equipe. O policial mais velho aproximou-se e tocou seu ombro. —Pode-se saber o que vocês têm na cabeça? —Perdão!!?? Fazia bem em pedir perdão, mas não bastava. Como podia ter certificado o falecimento de uma moça que ainda respirava?? —Se não fosse por mim, a teriam metido viva na geladeira!! Sim, desde cedo, iria ouvir falar dele. O Dr. Fernstein saiu da sala no momento, e, fingindo não prestar qualquer atenção ao agente de polícia, dirigiu-se diretamente ao jovem médico. —Stern, quantas doses de adrenalina injetou nela?? —4 vezes 5 miligramas — respondeu o interno. O professor o repreendeu de imediato, lembrando-o que esse modo de agir indicava obsessão terapêutica; depois, dirigindo-se ao oficial de polícia, afirmou que Vanessa estava morta, muito antes do Dr. Stern ter certificado a hora de seu falecimento. Acrescentou que o erro da equipe médica provavelmente havia sido empenhar-se em fazer funcionar o coração daquela paciente com doses altas. Para resolver qualquer possível debate, explicou que o líquido injetado havia se acumulado ao redor do pericárdio. E, quando você freou bruscamente, passou para o coração, que teve uma reação puramente química e que se colocou em marcha. Desgraçadamente, aquilo em nada mudava a morte cerebral da vítima. Com referente ao coração, quando o líquido se dissolvesse, pararia. —No caso de que já não tenho ocorrido , acrescentou. Fernstein convidou o policial a pedir desculpas ao dr. Stern por seu nervosismo, totalmente fora de lugar, e pediu a este último que fôsse vê-lo antes de sair. O agente se voltou para Philips. —Vejo que na polícia não temos o monopólio do corporativismo. Não lhe desejo que passe um bom dia. Ato seguido, girou sobre seus calcanhares e abandonou o recinto do hospital. As portas se fecharem atrás dele,e, cerrou as portas do furgão com violência. Stern se abaixou, os braços apoiados no balcão, olhando a enfermeira de plantão, franzindo o cenho. —Mas, o que é toda esta confusão que você contou? A mulher balançou os ombros e lembrou-lhe que Fernstein o esperava. Philip foi à porta do chefe de Vanessa. Foi convidado a entrar. De pé, por trás da mesa, de costas e olhando pela janela, esperava, ostensivamente que Stern falasse primeiro, coisa que foi feita. Confessou que não entendia o que havia dito o policial. Fernstein o interrompeu:
—Escuta-me bem, Stern. O que eu dei a este oficial foi a explicação mais simples para que não haja uma informação sobre você que possa destruir sua carreira. Seu comportamento é inadmissível para alguém com sua experiência. Tem que saber aceitar a morte quando ela chega. Não somos deuses ou responsáveis pelo destino. Esta moça estava morta quando vocês chegaram, e, sua obstinação poderia podido custar-lhe caro. —Mas como explica que tenha começado a respirar de novo?? —Nem o explico, nem tenho porque fazê-lo. Não sabemos tudo. Está morta, dr. Stern. Que isso não o agrade é uma coisa, mas o certo é que ela se foi . Estou me lixando que os pulmões se movam e que o coração palpite por sua conta. Seu eletroencéfalogramo está certo. Sua morte cerebral é irreversível. Esperaremos que o resto siga o mesmo caminho e a enviaremos ao necrotério. Ponto final. —Mas... Não pode fazer isso! Não pode fazê-lo com tantas evidências! Fernstein expressou sua irritação com um gesto de cabeça e elevando a voz. Não tinha porque receber lições. Sabia Stern o custo de um dia de reanimação? Acreditava que o hospital iria ocupar um leito para manter artificialmente, com vida, um “vegetal”? Convidou-o, com eloqüência a raciocinar um pouco. Achava injusto que uma família tivesse que passar semanas inteiras junto à cabeceira de um ser inerte e sem inteligência, mantido com vida, graças às máquinas. Negava-se a ser responsável por tal tipo de decisões, simplesmente para satisfazer o ego de um médico. Ordenou a Stern que desaparecesse de sua vista e que tomasse uma ducha. O jovem interno ficou de pé, plantado frente ao professor, defendendo com ardor, sua postura. Quando certificara a morte, sua paciente estava com parada cardiorrespiratória havia dez minutos. Seu coração e pulmões tinham deixado de viver. Assim, ficara obcecado, porque desde que era médico, notara que alguém, aquela mulher, não queria morrer. A descreveu como, se através de seus olhos abertos, a tivesse sentido lutar, negar a ir-se. Então, havia lutado junto com ela, pulando normas, e, dez minutos mais tarde, contra toda a lógica, contra tudo o que haviam ensinado, seu coração havia começado a palpitara novamente, seus pulmões a inspirar e a espirar o ar, um sopro de vida. —Tem razão — prosseguiu —, somos médicos e não sabemos tudo. Essa mulher também é médica... Pediu a Fernstein que lhe desse uma esperança. Tinha visto comas com mais de seis meses que retornaram à vida, sem que não se entendesse como. O que ela tinha feito nunca ninguém fizera antes, assim era igual ao que custara. —Não deixe que se vá, não quero. É o que ela está nos dizendo. O professor esperou alguns instantes antes de responder. —Dr. Stern, Vanessa era minha aluna. Tinha um caráter rebelde, mas, um grande talento. Eu a admirava muito e tinha grandes esperanças em sua carreira, como também tenho na sua. Esta conversa terminou. Stern saiu do consultório sem fechar a porta. Philip o esperava no corredor.
—O que você faz aqui? —Mas, pode-se saber o que você tem na cabeça, Philip? Você sabe com que você estava falando neste tom? —Você dirá. —O homem com quem você falava era o professor dessa moça, a conhece e ensinava-a nos últimos quinze meses. Salvou mais vidas do que você, talvez possa salvar em toda a sua. Você tem que aprender a se controlar. A verdade é que às vezes você delira. —Deixe-me em paz, Frank. Hoje já recebi minhas doses de lições de moral.






Demorooou mas chegou....(:
comentem por favor *-*
Beijus

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Capitulo 2 - Grandeee

Vanessa se encantava em ver o amanhecer na estrada que, bordeando o Pacífico, une São Francisco com a baía de Monterrey. Ainda sonolenta, procurou o botão para desligar o despertador. Esfregou os olhos com as mãos fechadas e dedicou o primeiro olhar a Karli, estendida sobre a almofada. -- Não me olhe assim! Já não faço mais parte deste planeta — Ao ouvir sua voz, a cadelinha se apressou a rodear a cama e apoiou a cabeça no ventre de sua dona. – Vou deixar você, dois dias, querida. Mamãe passará para buscá-la às 11. Afaste-se um pouco, vou me levantar e dar algo para você comer. Vanessa esticou as pernas, deu um grande bocejo esticando os braços para cima e saltou da cama com os pés juntos. Passou por trás do balcão, esfregando a pele, abriu a geladeira. Bocejou novamente e pegou manteiga, marmelada, torradas, uma lata de comida para cães, um saco aberto de queijo de Parma, um pedaço de Gouda, uma garrafa de leite, um vidro de compota de maçã, dois iogurtes naturais, cereais e meio grapefruit; a outra metade ficou na parte inferior. Como Kali a observava, movendo a cabeça, Vanessa a olhou com cara de tédio e disse: —Tenho fome! Como de costume, preparou primeiro o café de sua cadelinha em uma pesada tigela de barro.
Continuando, pegou sua bandeja e a levou para a mesa de trabalho. Dali, girando ligeiramente sua cabeça, podia ver Sausalito e suas casas suspensas nas colinas, o Golten Gate que unia os dois lados da baía, o porto de pesca de Tiburon, e, a seus pés, os telhados que se extendiam, escalonados, até La Marina. Abriu a janela de para em par. A cidade encontrava-se em silêncio: apenas as sirenas dos navios com destino à China. Misturadas com os gritos das gaivotas, acompanhavam a moleza da manhã. Esticou-se novamente, e, com apetite, atacou o banquete sobre a mesa. A noite anterior não tinha jantado por falta de tempo. Por três vezes tentara comer um sanduíche, mas interrompera, pois a chamavam para atender “urgência”. Quando era apresentada a alguém e perguntavam-lhe a que se dedicava, respondia, invariavelmente: “A Correr”. Depois de haver devorado boa parte do café, deixou a bandeja e se dirigiu ao banheiro. Introduziu os dedos entre as lâminas de madeira da persiana, para incliná-las, deixou cair no chão o roupão de algodão e entrou na ducha. O jarro potente da água temperada acabou de despertá-la. Ao sair da ducha, enrolou-se em uma toalha, deixando as pernas e pés livres. Fez uma careta em frente ao espelho e decidiu-se por uma maquiagem ligeira. Colocou jeans e uma blusinha, tirou os jeans, colocou uma saia, tirou e colocou novamente os jeans. Tirou do armário uma bolsa de lona, colocou algumas coisas e a nécessaire na mesma, e considerou que estava prontinha para começar o fim de semana. Ao virar-se viu a desordem reinante – roupas espalhadas no chão, toalhas, cama desfeita – e disse em voz bem alta, com determinação, dirigindo-se a todos os objetos do lugar: —Nem uma palavra! Nem reclamação! “Amanhã estarei de volta e os arrumarei para toda a semana”. Pegou papel e caneta e redigiu uma nota, antes de pregá-la na porta do geladeira com um grande ímã em forma de rã. Mamãe: Obrigada por tomar conta da cadelinha. Não precisa arrumar nada. Vou fazê-lo quando regressar. Passarei diretamente em sua casa para pegar a Kali, no domingo até as cinco. Com amor Sua doutora preferida. Colocou o casaco, acariciou a cabecinha da cadela, a beijou e saiu de casa. Desceu os degraus da grande escadaria, saiu em direção à garage e de um salto se colocou dentro do velho conversível.
— Lá vou eu, lá vou eu, — se repetia — Não posso acreditar, é um verdadeiro milagre. A única coisa que falta é que você se digne a arrancar. Se você falhar uma só vez, pode se preparar. Eu vou afogá-lo em xarope, antes de levá-lo ao desmanche e vou trocá-lo por um carro novo, totalmente eletrônico,
sem afogador e sem achaques quando fizer frio pela manhã! Você compreendeu bem? Espero que sim!! Contato!! O velho inglês parece ter se impressionado enormemente com a convicção de sua dona ao pronunciar aquelas palavras, pois seu motor pegou com o primeiro giro da chave. Um belo dia se anunciava.
Vanessa arrancou lentamente para não despertar a vizinhança. Green Street é uma bonita rua, bordeada com árvores e casas. Os que ali vivem, conhecem-se uns aos outros, como nos povoados. Seis cruzamentos antes de chegar a Van Ness, uma das grandes artérias que atravessam a cidade, mudou a marcha e acelerou. Uma luz clara, que mudava de cor à medida que transcorriam os minutos, despertava pouco a pouco as perspectivas deslumbrantes da cidade. O carro ia bem veloz, por ruas desertas. Vanessa saboreava a embriaguez daquele momento. As costas de São Francisco são particularmente propícias para experimentar uma sensação de vertigem. Volta fechada em Sutter Street. São seis e meia, o cassete reproduz música ruidosa. Faz muito tempo que Vanessa não se sente tão feliz. Deixou para trás o estresse, o hospital, as obrigações. Anuncia-se um fim de semana completo para ela e não quer perder um minuto sequer. Union Square está tranqüila. Horas mais tarde, as ruas se encherão de gente da cidade e de turistas que irão às compras. Agora, reina a calma. Os letreiros das vitrinas estão apagados, alguns mendigos dormem nos bancos. O guarda do estacionamento deixa um sonho na guarita. El Triumph engole o asfalto no ritmo dos impulsos da mudança de marchas. Os sinais estão verdes. Vanessa reduz para segunda, para contornar melhor Polk Street, uma das quatro ruas que bordeiam a praça ajardinada. Embriagada com um lenço na cabeça, começa a girar diante da imensa fachada do edifício de Macy´s. Uma curva perfeita. Os pneus chiam ligeiramente, sucedem-se os barulhos, tudo vai muito depressa. Um estalido repentino! O tempo se detém. Já não há diálogo entre a direção e os pneus, a comunicação interrompeu-se definitivamente. O carro vai para um lado e derrapa na calçada bastante úmida. O rosto de Vanessa se contrai. Suas mãos agarram o volante que se voltou dócil e aceita girar sem fim, em um vazio que compromete o resto do dia. El Triumph continua patinando, o tempo parece acalmá-lo e estirar-se de repente como num grande bocejo. Dá voltas na cabeça de Vanessa; na realidade é o cenário que gira ao redor dela com uma velocidade incrível. O carro se parece com um pião. As rodas se chocam brutalmente contra a calçada, o morro se levanta e beija uma boca de incêndios. O capô eleva-se até o céu. O carro gira sobre ele próprio num último esforço e expulsa a motorista, pois é muito pesada para a pirueta que desafia as leias da gravidade. O corpo de Vanessa sai pelos ares e se espatifa contra a fachada do grande armazém... O velho Triumph termina sua carreira caindo, boca acima, com parte sobre a calçada. Um pouco de vapor escapa de suas entranhas e exala o último suspiro, seu último capricho de velho inglês. 



Brigadinha pelos coments....adorei....(:
ateh o proximo....beijjuuusss

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Capitulo 1

Verão de 2011
 Acabara de tocar o pequeno despertador que havia sobre o criado-mudo de madeira clara. Eram cinco e meia, e uma luz dourada que somente tem o alvorecer em San Francisco, iluminava a habitação. Toda a família dormia: Kali, a cadelinha, ao pé da cama, sobre a almofada, e Vanessa, sob o edredon, no centro da cama enorme. O apartamento de Vanessa surpreendia pela ternura que dele emanava. Estava situado no primeiro andar de uma casa estilo vitoriano de Green Street (imagem acima), e compunha-se de um salão com cozinha americana, um grande dormitório, um vestuário e um enorme banheiro com janela. O piso era de taboas de madeira largas, de cor queimada, exceto no banheiro, onde eram pintadas de branco, alternando com ladrilhos negros. As paredes, brancas, eram decoradas com desenhos antigos, comprados nas galerias de Union Street, e uma moldura incrustada, finamente cinzelada por mãos de um hábil ebanista do princípio do século, que Vanessa havia envernizado em tom caramelo, enfeitava o teto. Alguns tapetes de gorgulho debruados de juta Beis delimitavam os espaços do salão, o refeitório e a lareira. Em frente à lareira, um grande sofá forrado com algodão cru convidava à sentar-se. Os móveis escassos, dispersos, estavam dominados por lâmpadas com abajur plissados, que haviam sido adquiridos durante os 3 últimos anos.
A noite havia sido muito curta. O plantão de Vanessa, médica interna do Hospital Memorial de San Francisco, havia se prolongado muito mais do que as 24 horas habituais, devido à chegada, na última hora, de vítimas de um grande incêndio. As primeiras ambulâncias haviam chegado dez minutos antes do término do plantão e Vanessa havia começado a enviar os feridos às diferentes salas de tratamento, diante dos olhares desesperados de seus companheiros. Com precisão, auscultava em alguns minutos cada paciente, o identificava com uma etiqueta colorida conforme a gravidade de seu estado, redigia um diagnóstico preliminar, ordenava os primeiros exames e os enviava às macas, para a sala apropriada. A classificação das 16 pessoas que chegaram entre as doze e doze e um quarto da noite, terminou às doze e meia em ponto, e os cirurgiões, cuja presença haviam solicitado, puderam começar as primeiras cirurgias daquela noite infinda, às 0:45h . Vanessa assistira ao dr. Carlos em duas intervenções seguidas, e, não foi para casa até que recebeu ordem expressa do médico, que a convenceu de que o cansaço a faria não trabalhar a contento, com conseqüente perigo para a saúde de seus pacientes. Saiu em plena noite do estacionamento do hospital, dirigindo seu Triumph e se dirigiu para casa em alta velocidade pelas ruas desertas. “Estou muito cansada e dirijo em excessiva velocidade”, repetia-se várias vezes para lutar contra o sono,ainda que a idéia de voltar para cuidar dos casos urgentes de carro, e não a pé, fosse por si só suficiente para mantê-la desperta. Chegou à garage e estacionou o velho automóvel. Passando pelo corredor, subiu de 4 em 4 os degraus da escadaria principal e entrou em casa com uma sensação de alívio. Os ponteiros do relógio de pêndulo pendurado sobre a lareira marcavam duas e meia. Vanessa deixou cair sua roupa no chão, no meio da grande sala. Completamente nua, passou para o outro lado do balcão para preparar um chá. Os potes que adornavam a estante continham toda a espécie de ervas, como se a cada momento do dia, correspondesse um aroma. Deixou o copo no criado-mudo, deitou-se sob o edredon e dormiu imediatamente. O dia anterior havia sido muito longo, e o que se anunciava exigia que se levantasse logo. Aproveitado os dois dias de festa, que por uma vez coincidiam com o final de semana, havia aceitado um convite para ir a casa de uns amigos, em Carmel. E, apesar do cansaço acumulado, nada pudera fazê-la atrasar aquele despertar cedo.






Proximo capitulo só com comentários....:)
bjuss....até o proximo!

E SE FOSSE VERDADE...em breve

Versão adaptada para Zanessa do livro de Marc Levy: E se fosse verdade...
Espero que gostem...(: